A psicóloga americana Lenore Walker apresentou um modelo de "Ciclo de Violência" que procura explicar como ocorre a violência entre homens e mulheres que vivem relações afetivas, indicando as razões pelas quais a vítima tem dificuldade de romper com a relação violenta e denunciar o agressor. Bárbara Soares em seu livro enfrentando a violência contra as mulheres se reporta ao estudo de Lenore e descreve o ciclo da violência contra a as mulheres, que refletem a grande dificuldade que as mesmas têm de romper com uma relação violenta, principalmente porque em regra têm uma relação afetiva ou familiar com seu agressor.
A violência doméstica segue, muitas vezes, um ciclo composto por três fases:
1º FASE: A CONSTRUÇÃO DA TENSÃO NO RELACIONAMENTO
Nessa fase podem ocorrer incidentes menores, como agressões verbais, crises de ciúmes, ameaças, destruição de objetos etc. Nesse período de duração indefinida, a mulher geralmente tenta acalmar seu agressor, mostrando-se dócil, prestativa, capaz de antecipar cada um de seus caprichos ou buscando sair do seu caminho. Ela acredita que pode fazer algo para impedir que a raiva dele se torne cada vez maior. Sente-se responsável pelos atos do marido ou companheiro e pensa que se fizer as coisas corretamente os incidentes podem terminar. Se ele explode, ela assume a culpa. Ela nega sua própria raiva e tenta se convencer de que “... talvez ele esteja mesmo cansado ou bebendo demais”.
FASE: A EXPLOSÃO DA VIOLÊNCIA – DESCONTROLE E DESTRUIÇÃO
A segunda fase é marcada por agressões agudas, quando a tensão atinge seu ponto máximo e acontecem os ataques mais graves. A relação se torna inadministrável e tudo se transforma em descontrole e destruição. Algumas vezes a mulher percebe a aproximação da segunda fase e acaba provocando os incidentes violentos, por não suportar mais o medo, a raiva e a ansiedade. A experiência já lhe ensinou, por outro lado, que essa é a fase mais curta e que será seguida pela fase 3, da lua-de-mel.
FASE: A LUA-DE-MEL – ARREPENDIMENTO DO(A) AGRESSOR(A)
Terminado o período da violência física, o agressor demonstra remorso e medo de perder a companheira. Ele pode prometer qualquer coisa, implorar por perdão, comprar presentes para a parceira e demonstrar efusivamente sua culpa e sua paixão. Jura que jamais voltará a agir de forma violenta. Ele será novamente o homem por quem um dia ela se apaixonou.
Essas situações tanto podem ocorrer da forma como foram descritas aqui, como podem nunca acontecer. Esse é apenas padrão geral que em cada caso vai se manifestar de modo diferenciado. Mas é importante conhecer o ciclo da violência para ajudar as mulheres a identificá-lo, quando for o caso, e impedir que ele se reproduza. É importante, portanto que a violência seja denunciada, interrompendo o ciclo, antes que o mesmo se complete novamente e culmine com o homicídio da mulher.
Extraído de:
- Cycle Theory of Violence, in The”battered Woman” de Lenore Walker
-SOARES, Bárbara. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Enfrentando a violência contra a Mulher. Presidência da República: Brasília, 2005.
SOS MULHER: 0800-281-2336
o seu blog é incrível. sempre que posso recomendo, parabéns!
ResponderExcluirObrigada Roberta! saiba que sou sua admiradora. Beijão pra vc e sua linda princesinha!!
ResponderExcluirDra. Obrigada pela dedicação, seu trabalho é lindo! Sabemos que não é fácil fazer com que as mulheres muita das vezes entendam esse fato. É claro que ainda existem muitas mulheres que tem medo de denunciar, mas tem também muitas corajosas que lutam pelos seus direitos e ainda ajudam suas colegas a terem uma nova ótica, assim como a senhora que é guerreira!Parabéns.
ResponderExcluirMuito obrigada. Me sinto feliz em dar minha contribuição, ainda que pequena, nessa luta contra a violência de gênero.
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