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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Pássaros Virtuais



Meu homem/mulher pássaro
De asas e plumagens delicadas
E audaciosas:
Que céus e cores desvendarás
Nesse universo de updates e scraps
Com os doces estrangeirismos
Que invadem os perfis virtuais,
porém tão reais
nos ensinando o maravilhoso verbo adicionar?
Podemos, sempre rejeitando as subtrações,
Somá-lo ao pazear (que o mundo tanto precisa)
Adicionando amigos e paz.
Deus abençoe seus vôos
E que de vez em quando você se tranforme
Em pássaro branco da paz
E me estenda suas mãos/asas
Para num canto uníssono
Cantarmos juntos um lindo canto de amor
à humanidade

Rossana Pinheiro

Adeus à Maria de Fátima



Hoje o dia amanheceu com olheiras profundas, lágrimas escorrendo na face e o olhar derrotado. Pálpebras pesadas de literal pesar, por dores acumuladas, e pela contrariedade de ver a vida violentamente ceifada da menina – mulher Maria de Fátima, filha da Praia da Redinha, que correndo em busca do refúgio sagrado foi dar seus últimos suspiros nos braços de Nossa Senhora dos Navegantes.Maria de Fátima, “Fata”, “Fatinha”, Maria, Mariinha, Fátima menina, saída de casa com doze pra treze anos de idade para morar com o homem-dono Raimundo, vinte anos mais velho e sem coração. Homem-dono que lhe roubou a infância e o sorriso, e que se dizendo marido, lhe deu precocemente filhos, responsabilidades e muitos dissabores. Ela teve com esse homem-dono momentos felizes? Talvez. Mas quem é ou quem era o verdadeiro dono da vida dessa menina de 23 anos que mal começou a compreender o mundo e já não vive? Quem se arvora ou se arvorou a se dizer dono e dispor da vida da menina fagueira, cheia de esperança, jovialidade, energia, desejos e sonhos, que apenas desabrochava e que talvez não estivesse feliz? Fátima, Fatinha, Maria, Mariinha, você trabalhava de dia, estudava de noite, queria uma vida diferente. Quem tinha o direito de destruir seus sonhos? Quem tinha o direito de ser dono de seus desejos? Quem tinha o direito de pensar que possuía desejos mais importantes que os seus e que poderia, sem nenhuma piedade, esmagá-los assim? Quem se atreveu a achar que tinha o direito de ferir-lhe o corpo, banhá-lo de medo e de sangue e roubar-lhe a única coisa que nenhuma de nós poderá lhe devolver? Fátima, Fatinha, Maria, Mariinha, nós estamos todas de luto por você, e por tantas outras nossas meninas que se foram assim como Edna, Roberta Cláudia, Silene, Andréia Rosângela. Um dia, talvez, nós as encontraremos em alguma dimensão, mas por enquanto ainda estamos aqui, onde continuaremos nessa luta sem tréguas pelos sonhos das que ficaram.
Natal, 12 de dezembro de 2007.
Rossana Pinheiro